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O objetivo do presente trabalho é discutir o caráter potencialmente político de um artefato tecnológico de grande utilização na contemporaneidade: o algoritmo. Ao longo dos últimos anos, pesquisadores dedicados à área de tecnologia têm chamado a atenção para o modo pelo qual o uso de algoritmos pode estar associado à reprodução de padrões pré-existentes na sociedade, contribuindo para a perpetuação de lógicas de privilégio, desigualdade e opressão, como a pobreza, o racismo, as opressões de gênero. Preconceitos, equívocos e vieses humanos, na leitura desses pesquisadores, podem estar presentes nos sistemas de software que cada vez mais fazem parte de nossa vida cotidiana, impactando diretamente nas perspectivas, nas oportunidades e nos destinos das pessoas, indicando que tais ferramentas talvez não sejam, como pensa o senso comum, neutras. Isto significa dizer que a algoritmização poderia estar contribuindo para incluir ou excluir segmentos sociais, para reproduzir representações de raça, de gênero, de classe previamente existentes. Metodologicamente, o trabalho está dividido em duas partes: na primeira, realiza-se uma revisão bibliográfica, destacando algumas das principais contribuições de pesquisadores e pesquisadoras para a reflexão sobre o tema da algoritmização e do caráter potencialmente político dos algoritmos; na segunda, realiza-se uma pesquisa empírica, de caráter exploratório, no google imagens, analisa-se o modo como os algoritmos atuam no ranqueamento de buscas por determinadas palavras chave, como “chefe”, “beleza”, “pobreza” e avalia-se se seu sistema de atribuição de relevância perpetua estereótipos e padrões sociais pré-existentes ligados a representações de gênero, raça, classe a partir das imagens associadas a esses termos. Como conclusão, o trabalho aponta a necessidade de uma discussão mais ampla sobre o fenômeno da algoritmização e de uma maior conscientização sobre o modo de funcionamento dos algoritmos e seus impactos na sociedade.

Algoritmos. Desigualdade. Opressão.