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O objetivo do presente estudo foi examinar o comportamento de adolescentes em relação aos pronomes clíticos dativos de terceira pessoa no português do Brasil ("-lhe" e "lhes"). Alguns estudos sugerem que a aquisição dos pronomes clíticos acusativos de terceira pessoa ("o", "a", "os" e "as") ocorre mais tardiamente com influência da instrução formal. Contudo, permanece incerto se esse padrão também se aplica aos pronomes clíticos dativos de terceira pessoa. Para investigar essa questão, o estudo avalia o desempenho de estudantes do primeiro ano em diferentes cursos do CEFET-MG, usando um teste de julgamento de aceitabilidade e um teste de preenchimento de lacunas (teste cloze). Especificamente, examinou-se se os estudantes avaliam e produzem adequadamente esses pronomes nos contextos esperados, ou seja, como objetos indiretos, preenchendo verbos transitivos indiretos que requerem um dativo, como em "Samuel lhe enviou a carta ontem". Além disso, avaliou-se o comportamentos dos participantes quando esses pronomes completam verbos transitivos diretos, como em "??Samuel lhe ama muito". Os resultados indicam que, ao contrário do fenômeno de "lheísmo" observado em sentenças na segunda pessoa do singular, na terceira pessoa do singular o uso do acusativo parece ser supergeneralizado para a função dativa. Em outras palavras, constatamos que, assim como o pronome "-lhe" é empregado e aceito tanto na função de dativo quanto de acusativo em frases na segunda pessoa, os pronomes "-o" e "-a" também foram usados e aceitos em ambas as funções em frases na terceira pessoa do singular. Isso sugere que o sistema pronominal do português brasileiro pode estar perdendo a distinçãol entre as funções acusativa e dativa. Em suma, este estudo lança luz sobre a evolução do sistema pronominal na língua portuguesa e aponta para uma possível mudança na forma como esses pronomes são percebidos e utilizados.

Clíticos Dativos. Clíticos Acusativos. Português Brasileiro.