Tamanho da fonte: 

Neste trabalho, investigamos a ocorrência da forma plena não e da forma reduzida num (não > num) em corpus de fala espontânea, representativo do dialeto mineiro, qual seja, o Corpus do português brasileiro falado informal (CORAL-Brasil I), compilado por Raso e Mello, 2012. São exemplos extraídos do corpus: (i) Eu não sei não (RASO & MELO, 2012); (ii) Eu num sei não (RASO & MELO, 2012). Utilizamos uma amostra de nove entrevistas com falantes residentes em Belo Horizonte, distribuídos em três faixas etárias e três níveis de escolaridade. Levantamos, então, 307 dados de fala mineira, mais especificamente de Belo Horizonte e sua área metropolitana. O objetivo principal foi descrever e analisar o fenômeno variável, a partir da quantificação dos dados, levando-se em conta os fatores de ordem social faixa etária e gênero/ sexo, a partir da hipótese de que estes condicionam o uso de uma ou outra forma variante. Como referencial teórico, adotamos pressupostos da Sociolinguística Variacionista (LABOV,1972), além de considerar estudos sobre gramaticalização, fenômeno que ocorre quando se tem alterações sintáticas, semânticas e morfofonéticas de um determinado item (VITRAL & RAMOS, 2006; VITRAL & COELHO, 2010). Foi verificado que há pouca diferença entre o índice de ocorrência da forma não (59%) e da forma num (41%), considerando o número total de dados, o que indica competição entre as variantes. Observa-se que a forma negativa não ocorre com maior frequência entre os informantes de 41 a 60 anos (71%). Por outro lado, observa-se alta porcentagem de realização da forma num, principalmente entre os jovens do sexo feminino, o que leva a crer que, na amostra analisada, esses informantes impulsionam o uso da variante inovadora. Esse resultado permiti-nos observar que a variante num não é estigmatizada, tratando-se da boa aceitação desta pelos falantes mineiros, o que indica uma tendência de ampliação de uso desta forma.

Não. Num. Dialeto Mineiro.