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A MEMÓRIA EM MOVIMENTO: ESPAÇO-TEMPO E CORPO EM DANCING AT LUGHNASA DE BRIAN FRIEL
Maria Isabel Rios de Carvalho Viana

Última alteração: 2016-09-19

Resumo


A questão da memória sempre foi uma preocupação nas manifestações artísticas irlandesas que tinham como objetivo diferenciar o irlandês do colonizador. Seguindo uma tradição de se utilizar da memória como objeto de criação artística, Brian Friel apresenta em 1990 no Abbey Theater, a peça Dancing at Lughnasa, uma peça de memória cujo narrador é Michael. Michael narra suas memórias do ano de 1936 em Ballybeg, uma pequena vila rural fictícia criada por Brian Friel. Localizada no condado de Donegal na Irlanda, Ballybeg é atingida pela Revolução Industrial e pelas transformações trazidas pela modernidade. Dentre estas transformações, as memórias de Michael dão destaque à chegada do rádio, objeto que se personifica, despertando emoções e evocando lembranças. Ao longo da peça, a memória narrativa de Michael vai cedendo espaço para uma memória do corpo que é ativada pela música e encenada através da dança. Em um tempo de instabilidades, a dança suspende o ritmo do cotidiano e inaugura uma outra temporalidade e uma outra linguagem, capaz de aguçar os sentidos e provocar efeitos no corpo e na memória do narrador e das personagens. O objetivo deste trabalho é fazer uma análise da peça Dancing at Lughnasa mostrando de que forma o corpo atua no espaço-tempo através da dança, possibilitando a sobrevivência de uma memória individual e coletiva ameaçada pela efemeridade e instabilidade da modernidade.

Palavras-chave


Memória. Corpo - Espaço - Tempo. Dancing at Lughnasa.